Uma crença comum é que a dor na coluna é causada por sentar, ficar em pé ou dobrar “incorretamente”. Apesar da ausência de evidências fortes para apoiar essas crenças comuns, uma grande indústria da postura surgiu e cresceu muito nos últimos 40 anos, com muitas intervenções e produtos que afirmam “corrigir” a postura e prevenir a dor. Infelizmente, muitos profissionais de saúde fornecem conselhos alinhados com essa perspectiva não baseada em evidências.
Posturas inadequadas e levantamento de peso podem precipitar episódios de dor lombar aguda, e algumas ligações entre levantamento de peso e lesão já foram relatadas. Apesar de crenças amplamente difundidas sobre a postura correta, não há fortes evidências de que evitar a postura incorreta, previna e evita a dor lombar, ou que uma determinada curvatura da coluna vertebral esteja fortemente associada à dor.
Os conselhos dos médicos, fisioterapeutas e educadores físicos podem causar medo e estimular a hipervigilância, causando assim aumento de tensão, rigidez e possível agravamento de sintomas. Aqui estão alguns exemplos e suas reais consequências:
“Sente-se direito” – causa hipervigilancia e aumento de tensão muscular desnecessária;
“Sentar é ruim para você” – gera sentimento de culpa (todos precisam sentar) e incapacidade;
“Não dobre sua coluna” – perda da capacidade de flexionar a coluna;
Na ausência de qualquer boa evidência de que existe uma postura ideal para prevenir a dor, pedir aos pacientes que trabalhem duro para conseguir uma postura correta pode levá-los a uma sensação de fracasso e criar mais ansiedade quando a dor persistir.
Encorajar as pessoas a se moverem e mudarem de posição pode ser útil. O estilo de vida sedentário é sim, um fator de risco para dor lombar, entre muitas outras condições de saúde. No entanto, é importante para os terapeutas não perpetuarem a preocupação de que sentar-se em uma posição seja perigoso ou deva sempre ser evitado. Variações de posturas e estímulo ao movimento é o melhor caminho.
Existem desafios na reformulação da ideia de postura “correta”. A ciência não apóia a postura comum e as crenças da “estabilização” freqüentemente sustentadas por médicos, treinadores, terapeutas e pela sociedade.
Há 40 anos, era prática comum recomendar repouso no leito para pessoas com dor lombar. A educação persistente baseada em evidências cientificas assume, atualmente, que o repouso na cama não é mais uma recomendação apropriada.
1. Não existe uma postura “correta” única:
Apesar das crenças posturais comuns, não há evidências fortes de que exista uma postura ideal ou que evitar posturas “incorretas” evite dores nas costas.
2. As diferenças nas posturas são um fato da vida:
Existem variações naturais nas curvaturas da coluna vertebral e não há uma única curvatura da coluna fortemente associada à dor. A dor não deve ser atribuída a variações relativamente “normais”.
3. A postura reflete as crenças e o humor:
A postura pode oferecer percepções sobre as emoções, pensamentos e imagem corporal de uma pessoa. Algumas posturas são adotadas como estratégia de proteção e podem refletir preocupações quanto à vulnerabilidade corporal. Compreender as razões por trás das posturas preferidas pode ser útil.
4. É seguro adotar posturas mais confortáveis:
Posturas confortáveis variam entre os indivíduos. Explorar diferentes posturas, incluindo aquelas freqüentemente evitadas, e mudar as posturas habituais pode fornecer alívio dos sintomas.
5. A coluna vertebral é robusta e confiável:
A coluna vertebral é uma estrutura robusta e adaptável, capaz de se mover e carregar com segurança em uma variedade de posturas. Avisos comuns para proteger a coluna não são necessários e podem causar medo e excesso de ativação muscular.
6. Sentar não é perigoso:
Sentar-se por mais de 30 minutos em uma posição não é perigoso e nem sempre deve ser evitado. No entanto, mover-se e mudar de posição pode ser útil, e ser fisicamente ativo é importante para sua saúde geral e de sua coluna.
7. Uma recomendação não serve para todos:
A triagem postural não se mostra eficaz para reduzir dor em ambientes de trabalho. As curvaturas na coluna vertebral variam naturalmente entre indivíduos assim como, as preferencias em como sentar, levantar e se movimentar. O conselho para adotar uma postura específica ou contrair o abdômen não é baseado em evidências.
Texto retirado do artigo:
“Sit Up Straight”: Time to Re-evaluate –
DIANE SLATER, MSc, PG Cert, BSc (Hons)1 • VASILEIOS KORAKAKIS, PhD, MSc, BSc1 PETER O’SULLIVAN, PhD, Grad Dip Manip Ther, Dip Physio2,3 • DAVID NOLAN, MSc Physiotherapy4 KIERAN O’SULLIVAN, PhD, M Manip Ther, B Physio1,5,6
